Na barbárie em que irremediavelmente megulhámos no século XXI a banda desenhada só é falada nos meios de comunicação de massas pelas piores razões. A regra é simples: só se fala do que vende... e a banda desenhada pura e simplesmente não vende. A não ser que esteja ligada ao cinema (e se for ao cinema comercial, tanto melhor...).
É por isso que o mais do que medíocre Sin City da mais do que medíocre dupla Rodriguez / Miller faz hoje capa da revista "Actual" do jornal Expresso. (Excurso retrospectivo: Sábado, 1 de Dezembro de 1990, "Expresso, a Revista", pp. 103-R a 106-R: "João Bénard da Costa: Dos Filmes e da Vida" - quando neste semanário ainda se falava de cinema a sério; há muito tempo, portanto...)
Mas não é para falar disto, que só merece o meu desprezo e o meu silêncio, que escrevo estas linhas. É que quem de direito lembrou-se de que, afinal, Sin City começou por ser uma série de banda desenhada (na revista Dark Horse Presents da editora Dark Horse, já agora...) e resolveu activar o seu há muito desactivado crítico de banda desenhada de serviço (ou deveria escrever: "crítico de BD"?), João Paiva Boléo. O texto deste é reverente quanto baste para com os patrões, mas não deixa, felizmente, de mencionar o voyeurismo e a violência que não têm nada de gratuito, antes indicam uma ideologia machista e de extrema direita.
Mas, passons, como disse e repito Sin City só merece o meu desprezo e o meu silêncio. Onde João Paiva Boléo borra a pintura é na última frase onde cita "Alack Sinner" (Muñoz e Sampayo), "Corto Maltese" (H. Pratt) e "Mort Cinder" (A. Breccia). A. Breccia? A sério? E porque carga de água é que "Alack Sinner"é, e bem, de Muñoz e Sampayo enquanto "Mort Cinder"é de A. Breccia? E Oesterheld, onde está? Os críticos de banda desenhada europeus teimam não só em não reconhecer o maior argumentista da história da banda desenhada (campo restrito) como tal, mas, pior: por uma estranha razão (a que Ugo Pratt está longe de ser alheio) tendem a obliterá-lo completamente e a despossuí-lo daquilo que genial e genuinamente criou.
É por isso que o mais do que medíocre Sin City da mais do que medíocre dupla Rodriguez / Miller faz hoje capa da revista "Actual" do jornal Expresso. (Excurso retrospectivo: Sábado, 1 de Dezembro de 1990, "Expresso, a Revista", pp. 103-R a 106-R: "João Bénard da Costa: Dos Filmes e da Vida" - quando neste semanário ainda se falava de cinema a sério; há muito tempo, portanto...)
Mas não é para falar disto, que só merece o meu desprezo e o meu silêncio, que escrevo estas linhas. É que quem de direito lembrou-se de que, afinal, Sin City começou por ser uma série de banda desenhada (na revista Dark Horse Presents da editora Dark Horse, já agora...) e resolveu activar o seu há muito desactivado crítico de banda desenhada de serviço (ou deveria escrever: "crítico de BD"?), João Paiva Boléo. O texto deste é reverente quanto baste para com os patrões, mas não deixa, felizmente, de mencionar o voyeurismo e a violência que não têm nada de gratuito, antes indicam uma ideologia machista e de extrema direita.
Mas, passons, como disse e repito Sin City só merece o meu desprezo e o meu silêncio. Onde João Paiva Boléo borra a pintura é na última frase onde cita "Alack Sinner" (Muñoz e Sampayo), "Corto Maltese" (H. Pratt) e "Mort Cinder" (A. Breccia). A. Breccia? A sério? E porque carga de água é que "Alack Sinner"é, e bem, de Muñoz e Sampayo enquanto "Mort Cinder"é de A. Breccia? E Oesterheld, onde está? Os críticos de banda desenhada europeus teimam não só em não reconhecer o maior argumentista da história da banda desenhada (campo restrito) como tal, mas, pior: por uma estranha razão (a que Ugo Pratt está longe de ser alheio) tendem a obliterá-lo completamente e a despossuí-lo daquilo que genial e genuinamente criou.